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Um atentado terrorista em Londres. Um acusado. Um julgamento no tribunal criminal de Old Bailey que se aproxima. Parte das provas, consideradas como representando risco para a Segurança Nacional, serão apresentadas numa sessão à porta fechada onde nem o réu, Emir Erdogan (Hasancan Cifci), nem o seu advogado de Defesa, Simon Fellowes (James Lowe), poderão estar presentes nem tomar conhecimento destas. Para representar o réu nesta sessão estará um “representante especial” nomeado pela defesa mas com a qual a defesa não pode manter nenhum contacto, Claudia Simmons-Howe (Rebecca Hall). Nas vésperas do julgamento, o advogado de defesa suicida-se. Martin Rose (Eric Bana) é nomeado para o substituir. Ao estudar o caso Erdogan e ao refazer os passos de Simon, Martin apercebe-se de que há muito mais em jogo do que aquilo que faz oficialmente parte do processo e de que há forças em jogo a manipular os acontecimentos.
Este filme tem subjacente um problema que o “ocidente” tem olimpicamente ignorado, preocupado em tentar desesperadamente manter o seu hedonismo acéfalo, a comprar os últimos gadgets, a tentar esquecer que tem a conta bancária no vermelho e a brincar ao faz-de-conta no facebook. E o elefante no centro da sala é o estado de direito estar a ser erodido pelo aparelho securitário erguido como reacção ao terrorismo no pós-11 de Setembro para supostamente nos “proteger”. É pena que aborde este tema de uma forma desequilibrada e desastrada. O enredo tem demasiadas inconsistências para ser de facto bom e o final é especialmente desastrado, é quase como se a produção tivesse medo de assustar os espectadores e tenha inserido um semi-happy end para deixar as pessoas tranquilas. Faz parte do semi-happy end o som de uma sessão parlamentar (de conteúdo muito ambíguo e que pode ser interpretado de várias maneiras) introduzido no plano final -- um disparate.
Há uma primeira parte interessante, boas interpretações de Eric Bana, Rebecca Hall, Ciarán Hinds, Kenneth Cranham, Riz Ahmed. E de Julia Stiles, que faz um bom trabalho nas 3 cenas em que entra… mas porque raio é que se chama Julia Stiles para fazer 5 minutos de filme? E a sua personagem é completamente “engolida” na história, é mais um das coisas desastradas deste filme. Depois do “build-up” e quando a trama começa a desvendar-se evolui de uma forma atabalhoada que acaba por deitar o filme a perder. Uma frustração.
Em parentesis: esta coisa do facebook e dos novos media, assusta-me mesmo! Não é que hoje uma mãe de um rapazinho (com a idade da minha filha, 7 anos) se sai a dizer que ele não precisava de aprender técnicas informáticas que já ia sózinho ao Facebook dele!!!!!!!!!!!! SOCORRO! E há mais uma data de crianças que têm telemóvel 'touch' (como os miúdos dizem) da mesma idade.SOCORRO!!!! Imaginam a dificuldade que é meter na cabeça de uma catraia que NÃO, ela NÂO vai ter nada disso mesmo que todos os outros tenham?????? SOCORRO!!!!!!!!!!!!!!!!
ReplyDeleteParece-me que em Portugal vivemos, no que toca a "social media", gadgets e coisas afins, no pior dos mundos. Por um lado temos o acesso e a adopção precoce tal como nos mais avançados mercados do "ocidente". Por outro lado temos a mais completa impreparação e o uso mais néscio por parte das pessoas, de uma forma ainda pior do que no dito terceiro mundo. É uma irresponsabilidade deixar uma criança utilizar o facebook sózinha, sem nenhum tipo de supervisão parental. É ainda mais irresponsável deixar uma criança ter uma conta no facebook -- além de que infringe os termos de utilização do próprio facebook, que impedem o acesso a menores de 13 anos (uma idade muito discutida nos EUA por ser considerada demasiado baixa).
DeleteA adopção precoce mas néscia nota-se também na falta de discussão. Em todo o "ocidente" se discute, por exemplo, qual a idade adequada para que as crianças tenham telemóvel. Em Portugal não se descute: aos 5 anos já praticamente todas as crianças aparecem com um telemóvel, o que é uma barbaridade. Em todo o "ocidente" ainda se discute qual a idade adequada para que uma criança tenha televisão no quarto. Em Portugal não se discute, quase todos os pais colocam uma televisão no quarto dos filhos quando estes têm 3 anos. É uma autêntica barbárie, que, como sociedade, vamos pagar muito caro.