Sunday 29 September 2013

Circuito Fechado

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Título original Closed Circuit
Realização John Crowley
IMDB  

Um atentado terrorista em Londres. Um acusado. Um julgamento no tribunal criminal de Old Bailey que se aproxima. Parte das provas, consideradas como representando risco para a Segurança Nacional, serão apresentadas numa sessão à porta fechada onde nem o réu, Emir Erdogan (Hasancan Cifci), nem o seu advogado de Defesa, Simon Fellowes (James Lowe), poderão estar presentes nem tomar conhecimento destas. Para representar o réu nesta sessão estará um “representante especial” nomeado pela defesa mas com a qual a defesa não pode manter nenhum contacto, Claudia Simmons-Howe (Rebecca Hall). Nas vésperas do julgamento, o advogado de defesa suicida-se. Martin Rose (Eric Bana) é nomeado para o substituir. Ao estudar o caso Erdogan e ao refazer os passos de Simon, Martin apercebe-se de que há muito mais em jogo do que aquilo que faz oficialmente parte do processo e de que há forças em jogo a manipular os acontecimentos.

Este filme tem subjacente um problema que o “ocidente” tem olimpicamente ignorado, preocupado em tentar desesperadamente manter o seu hedonismo acéfalo, a comprar os últimos gadgets, a tentar esquecer que tem a conta bancária no vermelho e a brincar ao faz-de-conta no facebook. E o elefante no centro da sala é o estado de direito estar a ser  erodido pelo aparelho securitário erguido como reacção ao terrorismo no pós-11 de Setembro para supostamente nos “proteger”. É pena que aborde este tema de uma forma desequilibrada e desastrada. O enredo tem demasiadas inconsistências para ser de facto bom e o final é especialmente desastrado, é quase como se a produção tivesse medo de assustar os espectadores e tenha inserido um semi-happy end para deixar as pessoas tranquilas. Faz parte do semi-happy end o som de uma sessão parlamentar (de conteúdo muito ambíguo e que pode ser interpretado de várias maneiras) introduzido no plano final -- um disparate.

Há uma primeira parte interessante, boas interpretações de Eric Bana, Rebecca Hall, Ciarán Hinds, Kenneth Cranham, Riz Ahmed. E de Julia Stiles, que faz um bom trabalho nas 3 cenas em que entra… mas porque raio é que se chama Julia Stiles para fazer 5 minutos de filme? E a sua personagem é completamente “engolida” na história, é mais um das coisas desastradas deste filme. Depois do “build-up” e quando a trama começa a desvendar-se evolui de uma forma atabalhoada que acaba por deitar o filme a perder. Uma frustração.

2 comments:

  1. Em parentesis: esta coisa do facebook e dos novos media, assusta-me mesmo! Não é que hoje uma mãe de um rapazinho (com a idade da minha filha, 7 anos) se sai a dizer que ele não precisava de aprender técnicas informáticas que já ia sózinho ao Facebook dele!!!!!!!!!!!! SOCORRO! E há mais uma data de crianças que têm telemóvel 'touch' (como os miúdos dizem) da mesma idade.SOCORRO!!!! Imaginam a dificuldade que é meter na cabeça de uma catraia que NÃO, ela NÂO vai ter nada disso mesmo que todos os outros tenham?????? SOCORRO!!!!!!!!!!!!!!!!

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    1. Parece-me que em Portugal vivemos, no que toca a "social media", gadgets e coisas afins, no pior dos mundos. Por um lado temos o acesso e a adopção precoce tal como nos mais avançados mercados do "ocidente". Por outro lado temos a mais completa impreparação e o uso mais néscio por parte das pessoas, de uma forma ainda pior do que no dito terceiro mundo. É uma irresponsabilidade deixar uma criança utilizar o facebook sózinha, sem nenhum tipo de supervisão parental. É ainda mais irresponsável deixar uma criança ter uma conta no facebook -- além de que infringe os termos de utilização do próprio facebook, que impedem o acesso a menores de 13 anos (uma idade muito discutida nos EUA por ser considerada demasiado baixa).
      A adopção precoce mas néscia nota-se também na falta de discussão. Em todo o "ocidente" se discute, por exemplo, qual a idade adequada para que as crianças tenham telemóvel. Em Portugal não se descute: aos 5 anos já praticamente todas as crianças aparecem com um telemóvel, o que é uma barbaridade. Em todo o "ocidente" ainda se discute qual a idade adequada para que uma criança tenha televisão no quarto. Em Portugal não se discute, quase todos os pais colocam uma televisão no quarto dos filhos quando estes têm 3 anos. É uma autêntica barbárie, que, como sociedade, vamos pagar muito caro.

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