A Melhor Oferta

Título original La Migliore Offerta Realização Giuseppe Tornatore IMDB

Virgil Oldman (Geoffrey Rush) é o abastado e conceituado chefe de uma das maiores Leiloeiras de Londres, conhecido como superior avaliador e connoisseur de arte. Cultiva a imagem do gentleman de impecável upbringing e frequenta os círculos da upper class mas é também algo excêntrico e solitário. Fora dos olhares públicos mantém uma faceta de coleccionador de arte. A sua colecção foi reunida à custa do seu acesso privilegiado ao meio. Os seus colaboradores íntimos na sua faceta de coleccionador são Billy Whistler (Donald Sutherland) e o jovem Robert (Jim Sturgess). Um dia, a sua rotina é interrompida pelo insistente contacto de uma herdeira, Claire (Sylvia Hoeks) que pretende que supervisione pessoalmente o inventário e leilão do património dos seus falecidos pais. Esse contacto começa por ser um incómodo. Duas coisas farão Virgil aceitar o encargo: por um lado descobre indícios de que o património pode incluir uma peça de valor incalculável, por outro lado, começa a ser seduzido pelo mistério da aparência física da herdeira, que parece inventar todos os pretextos para nunca se encontrar frente-a-frente com ele e apenas falarem por telefone. O que se segue é uma intrincada trama em que Virgil persegue uma dupla obsessão: encontrar-se presencialmente com a esquiva herdeira e obter para a sua colecção a tal peça.

Com acção localizada em Londres, e filmado em inglês com um elenco internacional, este filme italiano tem uma belíssima fotografia e uma realização sóbria e extraordinariamente sagaz de Tornatore que parece escolher sempre o plano perfeito para filmar cada cena e transmitir as emoções em jogo. A cenografia é excelente, os décors são coerentes e encaixam como uma luva em cada cena. Geoffrey Rush faz um excelente trabalho de caracterização do leiloeiro e, à medida que o filme se desenrola, tem provavelmente o melhor desempenho de um homem que progressivamente se deixa dominar pela obsessão desde James Stewart em Vertigo (embora a sua interpretação seja muito diferente da de Stewart). Sylvia Hoeks é excelente no papel da misteriosa Claire, a sua interpretação consegue tornar verosímil o poder de atracção que a sua personagem exerce sobre Virgil. Jim Sturgess tem uma interpretação muito boa, consegue dar maior importância a uma personagem que poderia ser mais apagada noutras mãos. Aliás, é de referir que os actores em "supporting roles” têm todos um desempenho muito sólido que contribuem muitíssimo para dar coerência e credibilidade ao filme (atentem ao conjunto de personagens que gravitam o café do outro lado da rua da propriedade da herdeira, por exemplo).

Dos filmes estreados em 2013, este é o primeiro do ano (em Portugal estreou em Abril) que, na minha modesta opinião, merece ser classificado como Cinema. Absolutamente a não perder.