Sunday 11 August 2013

Bling Ring - O “Gang” de Holywood

 tbr2
Título original The Bling Ring
Realização Sofia Copolla
IMDB  

Marc (Israel Broussard) e Rebecca (Katie Chang) conhecem-se no “liceu dos repetentes” (e não no “liceu dos cromos”, não sei onde a legendagem foi buscar essa ideia). Rebecca apresenta-o a Chloe (Claire Julien) e Marc torna-se parte do “grupo”. Os três cruzam-se na “noite” com Nicki (Emma Watson) e Sam (Taissa Farmiga) que são “homeschooled” pela mãe de Nicki com base numa dessas pseudo-religiões inventadas à vontade do freguês que são fashion no “mundo” da burguesia de Los Angeles. Rebecca introduz Marc no seu hobby, o furto casual de dinheiro e jóias deixados “à mão de semear”. Mais tarde experimentam entrar em casa de celebridades quando estas não estão e furtar o “bling” que estas têm em quantidades tais que nem darão por falta dele: malas Vuitton, vestidos Channel, etc. Progressivamente, juntar-se-ão a eles nestas “expedições” realizadas entre uma festa ou outra e uma ida à discoteca, Chloe, Nicki e Sam. Chill, nada pode correr mal. Pois não?

Desde Lost in Translation que não gostava tanto de um filme de Sofia Copolla. O filme desperta-nos logo na sequência inicial ao som de Crown on the Ground e não desilude. Muito bem filmado, tem sequências visualmente muito bonitas, como as idas e vindas do grupo recortando-se na paisagem nocturna iluminada de Los Angeles. Há uma sequência brilhante, em que o assalto a uma vivenda de vários andares quase completamente envidraçada é filmado de um ponto fixo sobranceiro à paisagem e em que podemos ver os movimentos das personagens no interior à medida que aparecem e desaparecem nas gigantescas vidraças. De alguma forma faz lembrar o cinema de Jacques Tati – talvez seja de propósito, um “piscar de olhos” à obra de outro cineasta que trabalhou o tema da “vida moderna” num filme que é sobre a “vida moderna”, na sua encarnação actual em que o sentido de identidade de muita gente é baseado na exibição de sinais exteriores de “sucesso” e “felicidade” ao ser “fashion” e  “cool” nas fotos e status updates do facebook.

O filme dá cartas não só visualmente mas também no trabalho de encenação. Se esquecermos os pormenores de cada argumento, há paralelos entre a matéria-prima a trabalhar pelos actores entre Bling Ring e Spring Breakers. As personagens de ambos os filmes têm muito pouco que cimente as suas relações como grupo e a sua vida é oca e gravita à volta de coisas fúteis. Mas Bling Ring consegue arrancar desta matéria-prima interpretações de categoria e uma narrativa consistente e arguta enquanto que Spring Breakers é um nojo. Isso é um triunfo dos actores, mas também da “direcção de actores”.

Falando de actores: Sofia Copolla conseguiu reunir aqui um belo elenco. Não só os “adolescentes” têm interpretações muito boas, como as interpretações dos “pais” dão credibilidade e coerência ao universo retratado no filme. Embora o filme se alicerce nas interpretações de Katie Chang e Israel Broussard, é conscientemente equilibrado entre todo o elenco de forma a não distrair o espectador do essencial. Nem tudo é perfeito. Mas é muito bom.

1 comment:

  1. Tem graça, não me tinha apercebido que andava aí um novo filme da Sofia! Tenho que o ver!

    ReplyDelete