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Título original | Passion |
Realização | Brian de Palma |
IMDB | |
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Fui ver “Paixão” arrastado pela curiosidade. Um filme de Brian de Palma, que tem estado bastante ausente dos ecrans, ainda para mais com Noomi Rapace e Rachel McAdams no elenco, uma combinação com o seu quê de peculiar. Só ao ver o genérico me apercebi de que também se trata de um “remake” de “Crime d'amour”. Poderia ser interessante analisar “Passion” de duas maneiras: como “filme” e como “remake”, mas, como não conheço o “original”, a óptica de analisar como “remake” não está ao meu alcance. Vamos então ao filme. Rachel McAdams é Christine, “American expat”, uma executiva na filial de Berlim de uma empresa de publicidade multinacional americana.
Noomi Rapace é Isabelle, subordinada de Christine, cuja nacionalidade nunca é esclarecida pelo filme embora seja claro que também não é alemã. A trama desenvolve-se à volta da relação entre as duas. Christine, a “chefe”, tece uma teia de sedução à volta de Isabelle, com vista a impulsionar a sua própria carreira mas também expondo um estado de carência sentimental aparentemente genuíno que acaba por sufocar em manipulação e sadismo. Isabelle começa por se deixar seduzir por Christine, que obviamente admira, para depois começar a tecer a sua própria teia de manipulação, ainda antes da ruptura entre as duas que a leva a um aparente caminho de auto-destruição. A morte de Christine torna Isabelle suspeita de assassinato e o resto da trama desenvolve-se à volta dos esforços de Isabelle para convencer as autoridades da sua inocência. Pelo meio gravitam ainda o amante de Christine, a assistente de Isabelle, um inspector da polícia não muito brilhante e o boss americano. Visualmente, o filme é impecável. As sequências e planos são extremamente bem arquitectadas, de uma fluidez impecável. Não há aqui cenas-à-muita-louco ou efeitos-do-catano ou coisas metidas à pressão só porque sim. A cenografia também é excelente. Os escritórios da multinacional, a sumptuosa moradia de Christine, o exíguo apartamento de Isabelle, tudo está bem caracterizado e nada soa a falso. E os ambientes são coerentes com a localização da acção em Berlim, não temos aqui o típico filme americano com uma imagética chapa 5 que é filmado exactamente da mesma maneira quer a acção se passe em Los Angeles, Londres ou Paris. Do lado das interpretações, Rachel McAdams vai muitíssimo bem, compõe uma Christine credível, dando-lhe várias facetas. Noomi Rapace não lhe fica muito atrás, numa composição sólida de uma personagem que não é fácil tornar credível. Nas personagens secundárias, Karoline Herfurth tem um desempenho muito bom na primeira parte do filme e assim-assim mais para o fim, mas talvez a responsabilidade seja mais das voltas e reviravoltas do argumento. Ah sim, o argumento. Pois bem, o argumento é a parte fraca de tudo isto. Aparentemente, quem o escreveu é viciado em “twists” e isso vai resultando cada vez pior à medida que o filme avança, até redundar num final completamente WTF. Conclusão: aquilo que poderia ser um filme muito bom é afinal um filme assim-assim.
No outro dia vi, num canal qualquer, a apresentação do filme e realmente despertou-me a curiosidade mas, acima de tudo era giro era ver o original...primeiro um e depois outro e ver as diferenças.
ReplyDeleteMas, também, há que dizê-lo não há imaginação em terras americanas para novos filmes? Agora é remakes e sequelas, remakes e sequelas, e não passam disso!
De facto aquilo por lá anda bastante falho de ideias, embora neste caso o filme não seja exactamente americano: é uma co-produção de produtoras francesas e alemãs mais uma produtora americana pelo meio, com realizador Americano, elenco internacional, falado em inglês para poder estrear nos EUA como se fosse americano! :)
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