Saturday 20 July 2013

Paixão

passion
Título original Passion
Realização Brian de Palma
IMDB
Fui ver “Paixão” arrastado pela curiosidade. Um filme de Brian de Palma, que tem estado bastante ausente dos ecrans, ainda para mais com Noomi Rapace e Rachel McAdams no elenco, uma combinação com o seu quê de peculiar. Só ao ver o genérico me apercebi de que também se trata de um “remake” de “Crime d'amour”. Poderia ser interessante analisar “Passion” de duas maneiras: como “filme” e como “remake”, mas, como não conheço o “original”, a óptica de analisar como “remake” não está ao meu alcance. Vamos então ao filme. Rachel McAdams é Christine, “American expat”, uma executiva na filial de Berlim de uma empresa de publicidade multinacional americana. Noomi Rapace é Isabelle, subordinada de Christine, cuja nacionalidade nunca é esclarecida pelo filme embora seja claro que também não é alemã. A trama desenvolve-se à volta da relação entre as duas. Christine, a “chefe”, tece uma teia de sedução à volta de Isabelle, com vista a impulsionar a sua própria carreira mas também expondo um estado de carência sentimental aparentemente genuíno que acaba por sufocar em manipulação e sadismo. Isabelle começa por se deixar seduzir por Christine, que obviamente admira, para depois começar a tecer a sua própria teia de manipulação, ainda antes da ruptura entre as duas que a leva a um aparente caminho de auto-destruição. A morte de Christine torna Isabelle suspeita de assassinato e o resto da trama desenvolve-se à volta dos esforços de Isabelle para convencer as autoridades da sua inocência. Pelo meio gravitam ainda o amante de Christine, a assistente de Isabelle, um inspector da polícia não muito brilhante e o boss americano. Visualmente, o filme é impecável. As sequências e planos são extremamente bem arquitectadas, de uma fluidez impecável. Não há aqui cenas-à-muita-louco ou efeitos-do-catano ou coisas metidas à pressão só porque sim. A cenografia também é excelente. Os escritórios da multinacional, a sumptuosa moradia de Christine, o exíguo apartamento de Isabelle, tudo está bem caracterizado e nada soa a falso. E os ambientes são coerentes com a localização da acção em Berlim, não temos aqui o típico filme americano com uma imagética chapa 5 que é filmado exactamente da mesma maneira quer a acção se passe em Los Angeles, Londres ou Paris. Do lado das interpretações, Rachel McAdams vai muitíssimo bem, compõe uma Christine credível, dando-lhe várias facetas.  Noomi Rapace não lhe fica muito atrás, numa composição sólida de uma personagem que não é fácil tornar credível. Nas personagens secundárias, Karoline Herfurth tem um desempenho muito bom na primeira parte do filme e assim-assim mais para o fim, mas talvez a responsabilidade seja mais das voltas e reviravoltas do argumento. Ah sim, o argumento. Pois bem, o argumento é a parte fraca de tudo isto. Aparentemente, quem o escreveu é viciado em “twists” e isso vai resultando cada vez pior à medida que o filme avança, até redundar num final completamente WTF. Conclusão: aquilo que poderia ser um filme muito bom é afinal um filme assim-assim.


2 comments:

  1. No outro dia vi, num canal qualquer, a apresentação do filme e realmente despertou-me a curiosidade mas, acima de tudo era giro era ver o original...primeiro um e depois outro e ver as diferenças.
    Mas, também, há que dizê-lo não há imaginação em terras americanas para novos filmes? Agora é remakes e sequelas, remakes e sequelas, e não passam disso!

    ReplyDelete
    Replies
    1. De facto aquilo por lá anda bastante falho de ideias, embora neste caso o filme não seja exactamente americano: é uma co-produção de produtoras francesas e alemãs mais uma produtora americana pelo meio, com realizador Americano, elenco internacional, falado em inglês para poder estrear nos EUA como se fosse americano! :)

      Delete