Saturday 21 March 2015

Olhos Grandes

 be2
Título original Big Eyes
Realização Tim Burton
IMDB  

Margaret (Amy Adams) abandona o marido e muda-se com a filha Jane (Delaney Raye) para S. Francisco. Margaret pinta, mas não é conhecida. Estamos em 1955 e a sociedade fecha-se a mulheres divorciadas. Consegue arranjar um trabalho modesto numa fábrica de mobiliário para sobreviver. Reencontra a amiga DeeAnn (Krysten Ritter) que se move na onda boémia antecipatória da revolução da década seguinte e tenta encorajar a independência de Margaret.

Um dia, enquanto pinta retratos a turistas no parque, conhece outro pintor com “tenda” montada perto, Walter Keane (Cristoph Waltz). A relação com Walter evolui rápidamente e segue-se o casamento. Margaret, agora Keane, passa a assinar as suas telas com o novo sobrenome. Um dia, enquanto Walter tenta vender telas de ambos, a assinatura origina um equívoco em que uma tela de Margaret é vendida como sendo de Walter. Essa tela torna-se conhecida e Walter passa a apresentar-se como o seu autor, algo consentido por Margaret por um misto de timidez e medo da rejeição que a sociedade reserva ao trabalho criativo das mulheres.

Big Eyes é um “biopic” da pintora Margaret Keane e romanceia a ascenção e queda do fenómeno Keane que começa de forma um pouco acidental e acaba num processo em tribunal em 1970 movido por Margaret contra Walter. Tim Burton trata a história de uma forma escorreita, num registo de alguma forma inesperado para quem esteja habituado ao seu cinema.

Amy Adams tem um desempenho que brilha primeiro na forma como encarna as hesitações e ansiedades de uma mulher que tem de sobreviver sozinha numa década tão sufocadoramente machista como a de 50 e depois numa segunda fase na forma como caracteriza a viragem para a religiosidade da personagem e as transformações que acarreta na sua forma de pensar e agir.

Há mais duas intrepretações extraordinárias neste fime: a de Deleaney Raye como Jane “mais nova” e ade Madeleine Arthur como Jane “mais velha”. Madeleine Arthur também retrata a conversão de Jane, acompanhando a mãe, e é extraordinário como interpreta os traços de mudança comportamental e de discurso.

De destacar também Cristolph Waltz que dá corpo de forma convincente ao manipulador e ambicioso Walter. Mas porventura o mais interessante deste filme é a forma como o “biopic” é aproveitado como pretexto para retratar o papel que a sociedade das décadas de 50 e 60 reservava às mulheres e os obstáculos que erguia no seu caminho.

1 comment:

  1. pois, ainda não vi este, não. Mas, serviu para descobrir a pintora e o trabalho dela.

    ReplyDelete