Saturday 7 February 2015

Jupiter Ascending

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Título original Jupiter Ascending
Realização Andy Wachowski
Lana Wachowski
IMDB  

Jupiter Jones (Mila Kunis) é uma emigrante ilegal em Chicago que trabalha nas limpezas com a sua mãe Aleksa (Maria Doyle Kennedy). A sua família saiu da Rússia ainda Jupiter não tinha nascido após o assassinato do seu pai, Maximillian Jones (James D’Arcy), um astrónomo filho de um diplomata.

Jupiter vê-se no centro de uma disputa por uma herança extra-terrestre que a tornará proprietária do planeta Terra. Os herdeiros extra-terrestres farão tudo para a impedir de tomar posse da herança. A seu favor tem apenas a ambígua protecção de Caine Wise (Channing Tatum) um ex-militar extra-terrestre produto de engenharia genética.

Sim, acabaram de ler a frase “herança extra-terrestre que a tornará proprietária do planeta Terra”. Embora seja o pressuposto mais descabelado que já alguma vez encontrei, suponho que a ideia até poderia funcionar. O problema é que em vez de abordar o filme pelo ponto de vista do cinema de aventuras tal como outrora fizeram os “movie brats” os Wachowski levam-se muito a sério e recheiam o filme de uma “gravitas” um bocado absurda ao pintar uma sociedade extra-terrestre distópica em que as pessoas são uma mera mercadoria que nem um nazi inventaria melhor. Fazem o filme oscilar entre “moods” quase de cena para cena: algumas cenas parecem feitas para um filme de aventura, outras para um filme de ficção política, outras para um filme de acção, outras para um filme de Harry Potter. Esta oscilação de tom e vários clichés fazem com que nos fartemos rapidamente do filme. Mesmo sendo “fast-paced” deixa-nos completamente aborrecidos. Se os Wachowski tivessem acertado no tom o filme poderia ao menos entrar na categoria dos “guilty pleasure” graças a Mila Kunis que tem uma actuação muito engraçada. Ao contrário de Channing Tatum que faz aqui um festival de canastrice. Embora possa ter sido algum vírus que contaminou o elenco masculino. Eddie Redmayne estampa-se com uns histerismos absurdos. Até Sean Bean (o Ned Stark de Game of Thrones) que tem aqui um papel secundário se sai pessimamente, embora seja um dos poucos filmes em que a sua personagem não morre. As cenas de acção não ajudam nada o filme, dado que os efeitos especiais são daquela escola do “mete muita correria, muitas luzes, muitos objectos no ecran, muitos movimentos” e nós ficamos sem perceber quase nada do que se passa no ecran.

Jupiter Ascending é um filme desiquilbrado onde só se safa a actuação de Mila Kunis. Visualmente tem algumas ideias interessantes como os mundos extra-terrestres com uma mistura de elementos futuristas com outros quase “steam-punk” mas por outro lado também tem ideias ridículas como as botas anti-gravidade de Caine, as abelhas ou as “asas biónicas”. É um bocado óbvio que os produtores procuravam um filme de que pudessem fazer sequelas tal como fizeram com “Matrix”. Sempre achei “Matrix” sobre-valorizado mas deu origem a sequelas (péssimas) e por isso posso-me enganar, mas sinceramente não me parece que desta vez resulte.

Os Wachowski merecem levar com um valente balde de trampa na cara pelo tratamento acrítico do subtexto social de que as pessoas são apenas mercadoria que é aqui exposto com uma irresponsabilidade de que há outros exemplos no cinema americano e que começo a achar inquietante porque me parece que se está a tornar um lugar-comum que em vez de horrorizar as pessoas se começa a “normalizar”. Não foi para isto que os Aliados ganharam a segunda guerra mundial.

E merecem outro valente balde de trampa pela forma como as mulheres são retratadas neste filme. É indesculpável que em pleno século XXI um filme que tem no seu centro uma mulher, a heroína do filme, a use segundo o modelo de donzela constantemente em apuros totalmente dependente dos homens para a salvar! Shame on you, Wachowskis.

3 comments:

  1. Depois do Matrix 2 e então do 3 estes artistas entraram para a lista de proscritos. Ou seja não lhes dou o benefício da dúvida e não me apanham lá!
    Atenção aos clichets que é clichés... do francês.

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  2. Touché... mas agora se corrijo, os comentários deixam de se entender :D

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  3. acho que também já passei os olhos por este...mas, não fiquei tempo suficiente!

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